Análise do Cadastro Ambiental Rural no Brasil
A validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) finalmente começou a ganhar impulso no Brasil em 2025, após anos de um progresso considerado lento para implementar o Código Florestal. Dados recentes do Climate Policy Initiative, da PUC-Rio, mostram que a porcentagem de cadastros validados aumentou de forma significativa, passando de 3,3% em novembro de 2024 para 9% em novembro de 2025. Isso representa aproximadamente 724 mil registros concluídos em um ano.
No mesmo período, a proporção de cadastros que tiveram análise iniciada cresceu de 15% para 24% da base nacional, totalizando cerca de 1,9 milhão de propriedades rurais registradas. Essa evolução no cenário da validação do CAR revela um Brasil dividido em duas velocidades.
Nove estados concentram os maiores volumes de CAR validados, sendo o Paraná o líder, com cerca de 220 mil registros. Seguem-se São Paulo, com 198 mil, e o Espírito Santo, com aproximadamente 80 mil. Outros estados que se destacam incluem Ceará (65 mil), Minas Gerais (41 mil), Pará (39 mil), Mato Grosso (34 mil), Mato Grosso do Sul (13 mil) e Rondônia (11 mil). Quando avaliamos a proporção da base validada, o Espírito Santo se sobressai com 65% dos cadastros concluídos, à frente de São Paulo (45%) e Paraná (40%).
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Enquanto isso, um grupo de estados continua enfrentando dificuldades. Amapá, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Paraíba, Tocantins, Sergipe, Roraima, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte não conseguiram validar sequer mil cadastros até novembro. Em Pernambuco, os números permanecem zerados, e na Bahia, os dados não aparecem nas estatísticas nacionais devido ao sistema estadual de cadastro florestal. Esse cenário evidencia uma desigualdade significativa: enquanto alguns estados priorizam o CAR como um elemento central da política ambiental e agrícola, outros ainda permanecem em uma fase inicial.
Fatores do Avanço e Desafios Persistentes
Um dos motivos para o avanço mais acelerado em certos estados é a incorporação de sistemas de automação nas análises. Essas ferramentas digitais corrigem automaticamente os cadastros de propriedades que possuem até quatro módulos fiscais, um grupo que abriga predominantemente pequenos produtores rurais.
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Em estados como Alagoas, Ceará, Paraná, Piauí e São Paulo, essas tecnologias têm a capacidade de inserir, por exemplo, cursos d’água e áreas de preservação permanente (APP) com base em mapas oficiais, eliminando a necessidade de os produtores refazerem o desenho de suas propriedades. Este processo permite que o poder público assuma parte da responsabilidade técnica, ajustando informações objetivas dos cadastros e deixando ao proprietário apenas a função de validação ou correção posterior.
Apesar dos avanços, a validação ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à qualidade das informações fundiárias e à comunicação com os produtores. Muitos cadastros apresentam problemas como sobreposição de áreas ou inconsistências nos limites, o que impede a validação automática e requer intervenções manuais.
Em estados líderes como São Paulo, Paraná e Ceará, entre 50% e 80% dos CAR analisados permanecem “travados”, aguardando respostas dos proprietários para correções solicitadas. Em regiões de fronteira agrícola, como Mato Grosso, estima-se que cerca de 30% dos cadastros apresentem sobreposições incompatíveis com o modelo de automação, o que força as autoridades a depender da iniciativa do produtor para ajustar seus registros.
Importância da Validação do CAR e Comunicação Eficaz
Para o setor do agronegócio, a aceleração na validação do CAR é fundamental para garantir a segurança jurídica e atender às demandas de mercados internacionais, como a União Europeia, que exige comprovação de origem e desmatamento zero. A pesquisa do CPI/PUC-Rio ressalta que, sem um esforço nacional de comunicação — utilizando canais como WhatsApp, SMS, rádios locais e interfaces mais intuitivas —, uma parte significativa da base continuará estagnada devido a “pendências com o produtor”.
Acompanhamento das notificações, atualização constante de dados e respostas ágeis às solicitações do órgão ambiental se tornarão, portanto, tão essenciais quanto a gestão do licenciamento de um silo ou a regularização de uma outorga de água para produtores e cooperativas rurais.
