Expectativa de Faturamento Recorde no Verão
O Brasil está a caminho de viver uma temporada de verão memorável, com uma receita estimada em impressionantes R$ 64 bilhões entre dezembro e fevereiro. Essa previsão otimista foi divulgada pelo presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, Guilherme Dietze, em entrevista ao Times Brasil, licenciado pela CNBC.
Dietze destacou que o desempenho do turismo brasileiro segue uma tendência crescente observada ao longo de 2025, com sucessivos recordes de faturamento. ‘Quando analisamos os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, percebemos que os números não estão distantes do que temos visto ao longo do ano. O setor está registrado um crescimento contínuo’, afirmou.
Ele atribuiu essa evolução a uma combinação de fatores econômicos favoráveis. No segmento de turismo de lazer, o aumento da taxa de emprego e a facilidade de acesso ao crédito têm sido fundamentais para estimular a demanda. ‘As pessoas estão optando por comprar pacotes turísticos parcelados em até 12 vezes, o que torna essencial ter acesso ao crédito, seja através de cartões ou empréstimos pessoais’, explicou.
Crescimento no Segmento Corporativo
O turismo corporativo também se destaca, com um crescimento moderado da economia impulsionando eventos, convenções e feiras. ‘Após a pandemia, as empresas estão voltando a realizar seus eventos e convenções, levando a um aumento significativo no movimento desse segmento, especialmente em São Paulo’, comentou Dietze.
No entanto, mesmo com um crescimento projetado de 7,5% em relação ao ano anterior durante a alta temporada, o presidente do conselho expressou preocupações sobre a infraestrutura turística, que ainda não atende à demanda crescente. ‘Apesar do aumento na demanda, a oferta de serviços turísticos ainda leva tempo para se expandir’, alertou, citando a falta de continuidade nas políticas públicas e as frequentes mudanças na liderança do Ministério do Turismo como barreiras significativas.
Embora haja investimentos privados em andamento, como privatizações de aeroportos regionais e expansão hoteleira, a lentidão desses processos é um fator preocupante. ‘Aumentar o número de leitos de forma significativa não acontece da noite para o dia; isso pode levar de dois a três anos’, acrescentou.
Pressão nos Preços e Apetite Estrangeiro
O descompasso entre oferta e demanda acaba refletindo em preços elevados. ‘Para quem planeja uma viagem de última hora, como um voo para Fortaleza, os custos podem ser bastante altos. O mesmo se aplica a hotéis e resorts, onde as tarifas estão nas alturas’, alertou Dietze.
Apesar das dificuldades, o interesse de grupos internacionais pelo turismo brasileiro continua a crescer, impulsionado por resultados que superam os de mercados europeus e norte-americanos. Porém, o presidente do conselho também aponta limitações. ‘Mesmo diante dessa forte demanda, ainda enfrentamos desafios como a alta taxa de juros de 15% ao ano, que é a Selic’, observou.
Além do alto custo do capital, Dietze mencionou a escassez de mão de obra e a instabilidade regulatória como obstáculos ao crescimento do setor. ‘Essa instabilidade, aliada à taxa de juros elevada, impõe limitações ao nosso desenvolvimento’, ponderou, ressaltando que, apesar do cenário positivo, há espaço para melhorias.
Destinos Favoritos dos Turistas
Quando o assunto são os destinos mais procurados, Dietze afirmou que as preferências se mantêm. ‘Os brasileiros continuam buscando sol e praia’, comentou. Entre os locais em destaque estão Salvador, Porto de Galinhas, Fortaleza e Alagoas, que têm se beneficiado de campanhas promocionais e da ampliação de conexões internacionais. ‘O Nordeste brasileiro desponta como a nova joia do turismo nacional’, concluiu.
Além disso, o dirigente destacou o potencial do Brasil frente ao fenômeno do ‘overtourism’ observado em algumas cidades da Europa. ‘O Brasil é o destino ideal, pois oferece uma diversidade de opções para todos os perfis de turistas’, finalizou, ressaltando que o país se aproxima de um recorde de 9 milhões de turistas estrangeiros para a temporada.
