Uma Iniciativa Comunitária Transformadora
Entre os rios que cortam a Amazônia, trilhas escondidas e comunidades ribeirinhas que preservam tradições centenárias, a Floresta Nacional de Caxiuanã viveu um momento crucial em dezembro. Moradores de localidades como Caxiuanã, Laranjal, São Tomé e Glória participaram de uma oficina sobre Turismo de Base Comunitária, promovida pela Secretaria de Turismo do Pará (Setur). Este evento não apenas abordou técnicas de atendimento e organização de roteiros, mas também explorou a ideia de que o turismo pode servir como uma ferramenta de gestão territorial, controlada pelas próprias comunidades.
Durante seis dias, os participantes revisitaram conceitos centrais do TBC, identificando os desafios enfrentados pela região e mapeando atrativos que podem sustentar experiências turísticas responsáveis. Entre as opções discutidas estavam trilhas, igarapés, áreas para observação de aves e cenários propícios para experiências científicas, além de expressões da cultura ribeirinha que podem fomentar novos itinerários. O diálogo também abrangeu temas vitais do cotidiano local, como logística, acesso, bioeconomia e conservação da biodiversidade, levando à formulação das primeiras diretrizes para um plano comunitário de ação.
Cruzando Ciência e Tradição
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Caxiuanã se destaca como um dos locais na Amazônia que melhor integra a preservação da floresta com a atividade humana. Nesse cenário, práticas tradicionais como pesca, extrativismo e manejo florestal são parte do cotidiano das comunidades. Além disso, a proximidade com a Estação Científica Ferreira Penna, mantida pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), oferece um potencial singular: a possibilidade de unir turismo científico, educação ambiental e convivência harmoniosa com a floresta.
Essa conexão entre ciência e tradições fortalece um aspecto fundamental do Turismo de Base Comunitária: ao invés de moldar o território para atender as expectativas dos visitantes, o turismo deve permitir que os turistas se ajustem ao local, aprendendo com os moradores e vivenciando experiências que respeitam os ciclos naturais e os saberes ancestrais. Em Caxiuanã, essa interação não só ajuda a fixar os jovens nas comunidades, mas também promove a transmissão de conhecimentos entre gerações e a manutenção de práticas sustentáveis.
Políticas Públicas para o Desenvolvimento Local
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Fonte: olhardanoticia.com.br
A consolidação do Turismo de Base Comunitária em Caxiuanã faz parte de um movimento mais amplo no Pará, que visa institucionalizar essa abordagem. A Política Estadual de Turismo de Base Comunitária (Lei nº 9.773/22), coordenada pela Setur, busca articular bioeconomia, inclusão social, conservação ambiental e valorização das cadeias produtivas locais. Essa integração se alinha com diretrizes nacionais e com a Política Nacional de Turismo de Base Comunitária, que enfatiza o protagonismo dos moradores como fundamental para que a atividade gere benefícios sustentáveis.
De acordo com o secretário de Turismo do Pará, Eduardo Costa, essa nova perspectiva é estratégica: quando a comunidade lidera o processo, o turismo se transforma em uma ferramenta de fortalecimento territorial. Em Caxiuanã, isso se concretiza na formação de grupos locais, na construção compartilhada de planos de ação e na valorização de cada trilha, igarapé e prática diária como parte de um patrimônio vivo que deve permanecer nas mãos de quem realmente cuida dele.
Um Futuro Sustentável e Colaborativo
A oficina em Caxiuanã foi o resultado de uma colaboração interinstitucional que incluiu o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão da Floresta Nacional de Caxiuanã, o Museu Paraense Emílio Goeldi e a Setur. As instituições se uniram desde o planejamento até a execução das atividades, garantindo um ambiente propício para que o encontro se tornasse um marco para as comunidades.
Essa colaboração destaca um caminho crescente: o desenvolvimento sustentado por políticas públicas, conhecimento científico e ampla participação social. Segundo Caio Vasconcellos, técnico em TBC da Setur, essa iniciativa solidifica práticas que promovem a conservação ambiental, a geração de renda, a justiça social e a valorização cultural. Simplificando, o turismo que emerge de Caxiuanã aponta para um modelo que fortalece laços, protege a floresta e cria oportunidades concretas para aqueles que cuidam deste importante território.
