Consequências das Tarifas e da Redução de Ajuda Financeira
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recentemente ameaçou a Colômbia com a imposição de novas tarifas sobre produtos importados e anunciou a possível suspensão da ajuda financeira destinada ao país sul-americano. A expectativa é de que essa decisão tenha um impacto significativo na economia colombiana.
Os Estados Unidos são fundamentais para o comércio colombiano, compreendendo cerca de 30% das exportações do país, o que representa um comércio em bens e serviços calculado em aproximadamente US$ 53 bilhões, conforme dados do Departamento de Comércio dos EUA. Entre os principais produtos exportados pela Colômbia, destacam-se o café, o petróleo e o ouro. Assim, um aumento nas tarifas poderia encarecer esses produtos essenciais, afetando tanto os trabalhadores quanto os consumidores colombianos.
Além disso, a redução da ajuda financeira americana pode representar um grande revés para a economia da Colômbia, que conta com um investimento direto dos EUA superior a US$ 1,3 bilhão. Somado a isso, quase meio bilhão de dólares são alocados em fundos de cooperação voltados para segurança. A diminuição ou suspensão desses recursos pode acelerar as dificuldades econômicas do país.
As recentes declarações de Trump surgem em um clima de tensões entre ele e o presidente colombiano, Gustavo Petro. O republicano criticou Petro, chamando-o de “líder do tráfico de drogas” e acusando-o de não combater a produção ilícita de drogas em seu país. Em resposta, Petro reprovou as declarações de Trump, considerando-as grosseiras e inadequadas, além de convocar o embaixador colombiano em Washington para discutir a situação. Segundo o Ministério das Relações Exteriores colombiano, o diplomata já se encontra em Bogotá, onde está dialogando sobre as possíveis repercussões dessas ameaças.
Essa situação tem gerado ansiedade entre os colombianos, que temem pelos seus empregos e pela estabilidade de suas empresas. Ángel Duarte, um taxista em Bogotá, expressou sua preocupação à CNN Internacional, afirmando: “Se Trump realmente aumentar as tarifas, muitos empregos estarão em risco e inúmeras empresas poderão fechar suas portas”.
Apoio à Argentina em Contraponto
Curiosamente, enquanto Trump intensifica as ameaças à Colômbia, ele também busca fortalecer laços com aliados, como a Argentina. Neste mesmo dia, o Banco Central argentino anunciou um acordo de estabilização cambial de US$ 20 bilhões com o Departamento do Tesouro dos EUA. Essa medida, que ocorre às vésperas das eleições legislativas na Argentina — programadas para 26 de outubro —, pode ser vista como uma tentativa de ajudar o governo de Javier Milei, que enfrenta desafios políticos significativos, uma vez que metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado estão em jogo.
Trump, no entanto, rebateu as críticas sobre essa ajuda, alegando que “nada beneficia a Argentina”. Segundo ele, o país enfrenta sérios problemas econômicos e a situação atual se assemelha a uma luta pela sobrevivência. A assistência dada à Argentina é interpretada por muitos como uma estratégia de apoio eleitoral a Milei e como uma maneira de conter a crescente influência chinesa na região, que se intensificou com o aumento das compras de soja e outros investimentos.
Assim, o cenário atual entre Colômbia e Estados Unidos levanta questões não apenas sobre o futuro econômico da Colômbia, mas também sobre as nuances políticas que envolvem as relações entre os países sul-americanos e a potência americana.
