O Potencial da Cana-de-Açúcar como Novo Petróleo Verde
O agronegócio no Brasil tem se destacado não apenas pela sua diversidade e crescimento, mas também pela sua contribuição significativa para a sustentabilidade e a economia do país. Com um papel crucial na elevação do Produto Interno Bruto (PIB) e no bem-estar social, a produção agrícola gera empregos, aumenta as exportações e ajuda a preservar os recursos naturais. Um exemplo claro desse potencial é a cana-de-açúcar, uma cultura amplamente cultivada no Brasil que possui características semelhantes às do petróleo, tanto na movimentação de cargas quanto no transporte de pessoas. Com a valorização global de seus derivados, a cana-de-açúcar, com investimento e tecnologia adequada, pode se transformar na base de muitos produtos sustentáveis, incluindo combustíveis.
A cana-de-açúcar, além de ser a principal matéria-prima para a produção de etanol e açúcar, pode ser convertida em várias outras formas de energia, como combustível sustentável para aviação, biobunker para o transporte marítimo, hidrogênio renovável, combustíveis sintéticos e até mesmo plástico. Essa versatilidade torna a cana uma opção atraente para o futuro sustentável do planeta.
Quando se trata do setor de transportes, a cana-de-açúcar se revela uma oportunidade promissora. As usinas brasileiras já estão produzindo etanol hidratado e anidro, além de bioeletricidade gerada a partir da queima de bagaço e palha, e biogás e biometano a partir da vinhaça. O Brasil cultiva mais de oito milhões de hectares de cana, mas ainda possui um imenso potencial para expandir essa área, utilizando pastagens de baixa produtividade, sem comprometer biomas sensíveis. Assim, a cana-de-açúcar pode ser vista como o novo petróleo verde do planeta.
Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que utilizam o milho como matéria-prima. No entanto, especialistas afirmam que o Brasil está em uma posição favorável para aumentar sua participação e liderar as exportações globais de biocombustíveis de baixo carbono, especialmente os derivados da cana-de-açúcar. A combinação da grande escala agrícola, experiência industrial, certificações e a capacidade de captura de CO2 gerado durante o processo de fermentação podem proporcionar uma vantagem competitiva significativa.
Enquanto o milho nos Estados Unidos produz, em média, de quatro a cinco mil litros de etanol por hectare, a cana-de-açúcar no Brasil gera cerca de sete mil litros, com a possibilidade de ultrapassar os 10 mil litros com a incorporação do etanol de segunda geração. Além disso, entre 2003, ano do lançamento dos carros flex, e março de 2025, o uso do etanol no Brasil evitou a emissão de mais de 730 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, um feito que exigiria o plantio de aproximadamente 5,1 bilhões de árvores ao longo de 20 anos para compensar.
Outro fator que pode colocar o Brasil na vanguarda da produção de biocombustíveis é a eficácia dos processos de colheita e processamento da cana, que já estão bem estabelecidos. Isso permite o aproveitamento quase total da biomassa, utilizando o caldo para etanol, o bagaço e a palha para geração de eletricidade, e a vinhaça e torta para a produção de biogás. O país também conta com uma infraestrutura agrícola, industrial e logística robusta, além de um sistema de governança sólido, que inclui certificações sobre a intensidade de carbono na produção.
Além disso, o Brasil possui uma vasta área de pastagens degradadas que podem ser utilizadas para aumentar a produção de etanol, ampliando essa capacidade diversas vezes sem causar danos ambientais significativos.
