Ações Contra a Desinformação em Saúde
BRASÍLIA – O Ministério da Saúde está implementando um conjunto abrangente de medidas para enfrentar a atuação de médicos que difundem conteúdos antivacina nas redes sociais e lucram com a venda de cursos, consultas e medicamentos sem respaldo científico, conforme revelou o Estadão. As iniciativas incluem a apresentação de representação criminal na Justiça contra esses profissionais.
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a primeira ação será uma representação junto ao Conselho Regional de Medicina em parceria com a Advocacia Geral da União (AGU). Em seguida, uma ação civil pública será proposta, dado que a divulgação de desinformação compromete o direito à saúde e pode resultar em indenizações por infringir direitos coletivos. Padilha enfatizou: “Esses profissionais afrontam diretamente o direito à saúde ao propagar desinformação”.
A terceira medida prevê ações criminais contra a venda de tratamentos fraudulentos, o que se enquadra em crimes contra a saúde pública. Por fim, a AGU está avaliando a possibilidade de emitir notificações extrajudiciais para que plataformas digitais removam imediatamente conteúdos que promovem a venda de cursos e disseminam informações falsas a respeito das vacinas e da saúde.
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Desinformação e o Impacto nas Redes Sociais
Conforme relatado pelo Estadão Verifica, um número considerável de médicos, que reúne mais de 1,6 milhão de seguidores nas redes sociais, afirma ter identificado em um estudo a existência de uma suposta intoxicação causada pelas vacinas de mRNA, com efeitos adversos de longo prazo.
Esses profissionais promovem a noção de que seria possível tratar a chamada “spikeopatia” com um protocolo que carece de comprovação científica. Os cursos que oferecem podem custar até R$ 685, enquanto uma consulta individual pode chegar a R$ 3,2 mil.
Contudo, a existência da “spikeopatia” não é reconhecida pela comunidade científica, e os próprios médicos não apresentaram evidências que sustentem essa alegação. A proteína spike, que é fundamental na resposta imunológica do organismo, é uma parte do vírus SARS-CoV-2 e é gerada pelas vacinas contra a covid para ensinar o sistema imunológico a reconhecer e combater o patógeno.
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Fonte: soudesaoluis.com.br
Teorias Questionáveis e Respostas da Comunidade Médica
A teoria defendida por esses médicos sugere que a proteína spike provocada pelas vacinas teria efeitos prejudiciais semelhantes aos observados na covid longa, uma condição crônica que afeta algumas pessoas após infecções pelo coronavírus. Essa hipótese foi apresentada pelo imunologista Roberto Zeballos, pelo infectologista Francisco Cardoso e pelo neurologista Paulo Porto de Melo em um estudo publicado na revista IDCases em junho deste ano. Entretanto, essa pesquisa foi contestada e retirada de circulação devido a falhas significativas e indícios de conduta inadequada.
Embora tenham sido contatados pela reportagem, apenas Cardoso e Zeballos responderam. Cardoso defendeu que o estudo não tinha a intenção de criar protocolos ou recomendações para a população, e que não deveria ser visto como um substituto para ensaios clínicos. Contudo, o estudo menciona que a “síndrome pós-spike” está relacionada à proteína spike, proveniente tanto da infecção pelo coronavírus quanto das vacinas, sem oferecer qualquer evidência para sustentar essa afirmação.
Zeballos, por sua vez, alegou que o objetivo do estudo era incentivar outros profissionais a conduzir ensaios clínicos para validar a eficácia do tratamento sugerido. Contudo, a reportagem observa que o médico tem divulgado recomendações em suas redes sociais.
Investimentos e Oportunidades em Pesquisa
Em paralelo, o governo brasileiro está destinando R$ 60 milhões para atrair pesquisadores internacionais com o intuito de desenvolver investigações na área de saúde. Padilha destacou que, após o governo dos Estados Unidos ter encerrado contratos com empresas do setor sob a administração de Donald Trump, isso representou uma nova janela de oportunidades para o Brasil.
O ministro também realçou que a divulgação das ações ocorre durante a COP-30 em Belém, que debateu como o negacionismo climático e a desinformação em saúde impactam a saúde pública. Ele concluiu: “Combater a desinformação e inovar para proteger as populações mais vulneráveis é fundamental para o nosso Plano de Ação Belém de Adaptação dos Sistemas de Saúde frente às mudanças climáticas”.
