Movimentos para Reaproximação no Congresso
O presidente Lula está promovendo uma reaproximação com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em uma conversa telefônica realizada na terça-feira (16), ambos discutiram um “rearranjo” nas relações, sinalizando um esforço para estreitar laços e facilitar a governabilidade.
A relação de Lula com Davi Alcolumbre, presidente do Senado, sofreu um abalo considerável após a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa decisão não agradou Alcolumbre, que defendia a nomeação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O descontentamento do senador culminou em um rompimento com Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, que também tem enfrentado dificuldades em manter uma interlocução produtiva com o presidente da Casa.
Randolfe Rodrigues, senador e aliado de Lula, destacou que a falta de comunicação entre Wagner e Alcolumbre agrava um clima já tenso, especialmente na base aliada. O acordo que Wagner firmou com a oposição para garantir a aprovação dos projetos necessários ao Orçamento de 2026 acabou abrindo espaço para a aprovação de uma lei que reduz penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Em palavras de Randolfe, “Com o Jaques Wagner, ele [Alcolumbre] criou de fato uma aversão. Eu tentei até mediar… na semana passada, eu tentei falar com ele, para ver se ele recebia [Wagner], mas ele ficou realmente na dele”. Essa situação reflete as complexidades das relações políticas e como desentendimentos podem escalar rapidamente.
Implicações da Indicação de Jorge Messias
Randolfe esclareceu que Alcolumbre nunca teria solicitado cargos em troca de apoio, uma tentativa de amenizar a tensão que se formou quando surgiram rumores de que o presidente do Senado estava buscando mais influência na máquina pública. “Com o governo, acho que tudo vai se resolver quando eles conversarem. Não há distanciamento entre Davi Alcolumbre e o governo”, disse.
Ele ressaltou que ambos compartilham interesses políticos no Amapá, onde o campo de atuação de Alcolumbre está alinhado ao de Lula. Randolfe acredita que a recondução de Lula à presidência em 2026 deve ser construída em uma “frente ampla”, enfatizando a necesidade de uma coalizão sólida para garantir a estabilidade da democracia brasileira.
Críticas Internas e a Votação do PL da Dosimetria
Em outra frente, Randolfe expressou descontentamento com a condução do PL da dosimetria por Wagner e com a postura de Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, que classificou de “erro lamentável” as ações. Randolfe, que não deseja criticar em público seus correligionários, destacou que o presidente Lula se mostrou surpreso com a situação durante os debates.
Ele narrou que durante uma reunião ministerial, alertou sobre a necessidade de postergar o debate do projeto de lei. “O Wagner me perguntou sobre a dosimetria… eu disse para ele: ‘Wagner, vamos para cima, vamos tentar pedir vista, vamos postergar esse debate'”. No entanto, a pressão da oposição levou a um acordo apressado, que não contou com a participação adequada dos líderes governistas.
Expectativas para o Futuro do Governo
Randolfe destacou que, apesar das dificuldades, o balanço do ano para o governo é positivo, com aprovações de projetos centrais, como isenções do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. Contudo, o governo enfrentou reveses, incluindo a perda de controle na CPMI que investiga fraudes no INSS e a recente queda do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Sobre os desdobramentos relacionados ao INSS, Randolfe garantiu que o governo está comprometido em combater a corrupção, independentemente das ligações pessoais dos envolvidos. “Nenhum governo é imune à corrupção. O que muda é como o governo se comporta em relação à corrupção”. Essa postura reflete um compromisso com a transparência e a integridade, fundamentais para a construção de uma administração sólida e confiável.
