Guilherme Boulos: Um Novo Capítulo na Política Brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a nomeação de Guilherme Boulos como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, substituindo Márcio Macêdo, que deixa o cargo com a intenção de se candidatar nas eleições de 2026. Boulos, de 43 anos e ex-coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), destacou em sua primeira declaração que buscará uma maior interlocução do governo com grupos evangélicos e trabalhadores de aplicativos. Em uma decisão que surpreendeu muitos, ele já comunicou ao PSOL que não será candidato em 2026 e permanecerá no governo até o fim do mandato de Lula, o que acentua sua posição como figura central em futuros pleitos.
A confirmação da nomeação ocorrerá no Diário Oficial da União desta terça-feira (21), marcando a 13ª alteração feita por Lula em sua equipe ministerial. A saída de Macêdo foi discutida em uma reunião com o presidente, após meses de especulações sobre a sua saída. O deputado do PSOL participou, momentos antes, do lançamento do Programa Reforma Casa Brasil, reforçando sua proximidade com as iniciativas do governo.
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Desde março, Lula havia manifestado a intenção de nomear Boulos para a Secretaria-Geral. De acordo com membros do Partido dos Trabalhadores (PT), a espera para formalizar a decisão se deveu à busca do presidente por um cargo respeitável para Macêdo, embora a nova posição para o ex-ministro ainda não tenha sido definida. Macêdo, que era um aliado de longa data de Lula e ocupou cargos importantes no PT, é lembrado por suas contribuições durante a campanha de 2022 e também por sua atuação em momentos de crise.
A gestão de Macêdo, no entanto, não foi isenta de críticas. Aliados de Lula apontaram um distanciamento do presidente em relação aos movimentos sociais, que é uma das principais responsabilidades da Secretaria-Geral. Por exemplo, Lula não compareceu ao tradicional ato do Dia do Trabalhador neste ano, algo que gerou descontentamento nas bases do partido, especialmente considerando os desafios enfrentados pelos sindicatos.
Após sua saída, Macêdo expressou que estava deixando o cargo com um ‘sentimento de dever cumprido’. Em uma postagem no X, ele reforçou que sua decisão estava ligada ao desejo de concorrer em 2026, afirmando que entregou tudo o que havia prometido durante a campanha, mesmo diante de um cenário de tensão política.
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Boulos, por sua vez, é visto como uma aposta estratégica de Lula para fortalecer a presença da esquerda no Brasil. O novo ministro se destacou durante as manifestações de 2013, onde o MTST emergiu como uma voz influente nas ruas. Além disso, sua atuação foi crucial para mobilizar a base social em apoio a Dilma Rousseff durante o processo de impeachment em 2016 e na defesa de Lula durante sua prisão em 2018.
O ex-candidato à Presidência em 2018 e também a um cargo na Prefeitura de São Paulo em 2020, Boulos tem um histórico de engajamento político profundo. Durante a eleição municipal de 2020, contou com o apoio ativo de Lula, que o ajudou a trazer a ex-prefeita Marta Suplicy de volta ao PT para ser sua vice, embora não tenha conseguido vencer o pleito.
Formado em filosofia e especializado em Psiquiatria pela USP, Boulos lançou recentemente o livro “Pra onde vai a esquerda?”, onde analisa a ascensão da direita no Brasil e os desafios enfrentados pelos progressistas. Apesar de já ter sido uma figura cogitada para o PT, sua inclusão no governo Lula agora é uma realidade que traz à tona debates sobre a dinâmica interna do partido e sua relação com outros movimentos sociais.
A nomeação de Boulos também não passou desapercibida dentro do PSOL e do PT, onde alguns setores demonstraram preocupação em relação à diluição do espaço do partido na administração. Grupos dos movimentos populares expressam receio sobre o papel do MTST no ministério e a possível marginalização de outras vozes. Em um compromisso inicial, Boulos declarou que está disposto a dialogar com diversas lideranças políticas e sociais para garantir que a voz dos movimentos populares seja ouvida.
A presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, ressaltou que a incorporação de Boulos ao ministério poderá impulsionar novas mobilizações sociais em defesa de uma agenda que beneficie a população brasileira e enfrente as ameaças da extrema-direita e do Centrão. Com um novo desafio pela frente, a expectativa é que Boulos traga uma renovação nas relações entre o governo e a sociedade civil organizada.
