Mudança no Comando do Ministério do Turismo
Na última terça-feira, o presidente Lula nomeou Gustavo Feliciano como novo ministro do Turismo, após a saída de Sabino do União Brasil. Sabino foi expulso do partido durante sua permanência à frente da pasta, desconsiderando o ultimato do União que pedia a saída dos ministros do governo.
A decisão do União Brasil de romper com a base governista foi anunciada há algum tempo, quando a legenda pediu para que seus integrantes deixassem os cargos no governo federal. No entanto, Sabino optou por ignorar essa orientação, o que resultou em sua expulsão.
Os ministros Waldez Góes, do Desenvolvimento Regional, e Frederico Siqueira, das Comunicações, foram poupados dessa exigência, uma vez que são apoiados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Isso mostra a complexidade da relação entre o União Brasil e o governo federal, que agora busca uma reaproximação.
A escolha de Feliciano para o cargo foi uma decisão estratégica da bancada governista do União na Câmara dos Deputados, que acredita ser importante ter representação na Esplanada. Apesar de não estar atualmente filiado a nenhum partido, Feliciano já teve uma trajetória política como membro do União na Paraíba, onde atuou como terceiro vice-presidente do diretório estadual.
Entre 2019 e 2021, Feliciano também ocupou o cargo de secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico no estado da Paraíba. Sua indicação é vista como uma aproximação entre o Planalto e a Câmara, especialmente considerando os recentes atritos entre Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em relação a propostas de lei.
“Parabéns ao meu amigo e conterrâneo Gustavo Feliciano pela nomeação como ministro do Turismo. O cargo está agora nas mãos do estado certo”, celebrou Motta nas redes sociais, sinalizando um tom positivo na nova gestão.
O Papel do União Brasil no Governo
A recente troca no ministério ocorre em um contexto complicado para o União Brasil. O partido, que havia indicado Sabino, solicitou a saída dos ministros após sua expulsão, mesmo tendo declarado em setembro que se afastaria definitivamente da base de apoio ao governo Lula. Essa decisão levou à expulsão de Sabino, que optou por permanecer na chefia do ministério.
O União Brasil aprovou uma resolução que exigia que todos os seus membros deixassem cargos ocupados no governo do presidente Lula, sob a ameaça de punições disciplinares. No entanto, apesar da rigidez da medida, o partido ainda parece ter interesse em influenciar as decisões do governo, mostrando uma flexibilidade tática, ao menos em algumas pastas.
Waldez Góes e Frederico Siqueira continuam no governo, embora não sejam formalmente filiados ao União Brasil. Góes, por exemplo, é ministro desde o início do mandato de Lula, tendo se afastado de suas funções no PDT para assumir o ministério como indicado do União Brasil. Siqueira, por sua vez, foi empossado como ministro das Comunicações em abril, também com apoio do partido.
O período de vacância na pasta das Comunicações ocorreu após a saída de Juscelino Filho, que deixou o cargo devido a denúncias de irregularidades. Durante esse intervalo, o União Brasil chegou a indicar Pedro Lucas, mas ele acabou desistindo da proposta, o que demonstrou as tensões internas do partido.
Controvérsias e Desafios Políticos
A demanda para que os filiados deixassem suas funções no governo foi inspirada em reportagens que sugeriam uma ligação entre Antonio de Rueda, presidente do partido, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), acusações que Rueda refutou. O União Brasil, em nota, expressou sua preocupação com a disseminação dessas informações, que considerou um uso político da estrutura estatal para desacreditar a liderança de Rueda.
Além disso, em uma movimentação que revela uma estratégia de fortalecimento, o partido se uniu ao PP em uma federação partidária. Essa união parece ser uma resposta a um cenário político que muitos dentro do União Brasil veem como insustentável, especialmente após as declarações do presidente Lula sobre as relações entre eles.
A nota emitida pelo partido reafirma a importância da independência do União Brasil e sua posição enquanto força política que não se submete ao governo. O cenário é, sem dúvidas, um reflexo da complexidade da política brasileira, onde alianças e rompimentos acontecem com rapidez.
