Desafios na Cúpula do FMI e Banco Mundial
A recente ameaça do presidente Donald Trump de implementar tarifas significativas sobre produtos provenientes da China reacende preocupações sobre um novo choque econômico global. Essa situação se alia ao aumento da dívida pública e à bolha das ações no setor tecnológico, temas que dominarão a pauta durante a reunião anual de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais em Washington, organizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial. As discussões também incluirão uma linha de crédito de US$ 20 bilhões para fortalecer o peso argentino e propostas para utilizar ativos russos congelados para beneficiar a Ucrânia.
Os responsáveis por formular políticas econômicas chegam a esses encontros em um clima de tensões comerciais que envolvem as duas maiores economias do mundo, além de instabilidades políticas em países como França e Japão. Comparado ao cenário sombrio de abril, quando Trump anunciou tarifas no que chamou de ‘Dia da Libertação’, o clima atual parece um pouco mais otimista, apesar das novas ameaças comerciais. Naquela ocasião, os mercados financeiros foram abalados pela incerteza, alimentando temores de uma recessão global caracterizada por retaliações comerciais, inflação crescente e queda nos investimentos.
O Crescimento do PIB e os Desafios Futuros
Nos últimos meses, as notícias têm sido predominantemente positivas, especialmente para a economia dos Estados Unidos. O Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano apresentou um crescimento no segundo trimestre no ritmo mais acelerado em quase dois anos. Mesmo diante das advertências de tarifas, o índice S&P 500 viu um aumento de 32% desde sua mínima em abril. Este desempenho reflete tanto a saúde do mercado de ações quanto a economia real, impulsionada por inovações em inteligência artificial e investimentos recordes em data centers essenciais para a computação em nuvem.
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Apesar desse otimismo, empresas têm enfrentado desafios ao lidar com a elevação das tarifas. Muitas estão optando por aumentar estoques no curto prazo e aceitar margens de lucro menores, em vez de transferir custos mais altos aos consumidores. Karen Dynan, professora de Economia em Harvard, expressou dúvidas sobre a sustentabilidade dessa resiliência, prevendo uma desaceleração na economia global.
Previsões e Impacto da Dívida Global
Recentemente, Trump afirmou que aplicaria uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, embora mencionasse a possibilidade de revisão dessa decisão, caso a China retirasse suas restrições sobre terras raras. Enquanto isso, as previsões da Bloomberg Economics apontam para uma desaceleração do crescimento econômico global no próximo ano, com uma expectativa de avanço de 3,2% no PIB real em 2025 e 2,9% em 2026.
A crescente dívida global, que atingiu um recorde de quase US$ 338 trilhões no primeiro semestre, deve ser uma questão central nas discussões em Washington. As preocupações com a administração Trump em reforçar a economia da Argentina, especialmente em ano eleitoral, também estarão em foco, com o FMI disposto a conceder novos empréstimos.
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Perspectivas do Mercado de Trabalho e Comércio Global
Nos Estados Unidos, o crescimento do emprego está mais fraco do que o esperado, com uma desaceleração nas contratações e o setor manufatureiro enfrentando uma perda de empregos por quatro meses consecutivos. Na China, a atividade fabril em setembro registrou uma queda pelo sexto mês seguido, a mais longa desde 2019. Além disso, a economia alemã contraiu mais do que o previsto no segundo trimestre, impactando sua indústria automotiva exportadora.
Segundo a Organização Mundial do Comércio, o crescimento do comércio global de bens deve desacelerar significativamente no próximo ano, refletindo os efeitos das tarifas de Trump. As projeções indicam que o volume do comércio de mercadorias crescerá apenas 0,5% em 2026, em comparação ao crescimento de 2,4% deste ano. Frederic Neumann, economista-chefe para a Ásia do HSBC, advertiu que os ventos contrários enfrentados pela economia global estão se intensificando.
Desafios Futuros e Vulnerabilidades do Setor de Tecnologia
Uma questão crucial é se os preços mais altos irão impactar o consumo nos EUA, provocando repercussões globais. Apesar de as tarifas terem apresentado um efeito menos severo do que o previsto no início do ano, Nathan Sheets, economista-chefe global do Citigroup, alerta que os riscos persistem. De acordo com ele, as tarifas já estão começando a afetar o consumo e a demanda por importações nos EUA, sem contar que a previsão é de um crescimento global abaixo de 2% na segunda metade do ano.
Stephen Jen, CEO da Eurizon SLJ Capital, acredita que pode levar entre seis a oito trimestres para que o impacto das tarifas afete significativamente o consumo e reduza o crescimento econômico dos EUA para perto de zero. Por outro lado, economistas como Mike Brundidge alertam que o choque tarifário ainda está em curso, prevendo aumentos nos preços dos produtos em prateleiras das lojas.
Outra preocupação iminente é a fragilidade do setor de tecnologia, especialmente considerando que as avaliações atuais se aproximam dos níveis observados durante o boom da internet há 25 anos. Kristalina Georgieva, do FMI, chamou atenção para os riscos de uma correção abrupta que poderia afetar o crescimento global e expor vulnerabilidades em economias em desenvolvimento. Em um cenário modelado pela Oxford Economics, uma desaceleração significativa no setor de tecnologia poderia reduzir o crescimento global para 2% em 2026, um impacto indesejado que poderia reverberar por todo o sistema econômico.