Alternativa de Renda e Alimentação no Amapá
No dia 9 de outubro, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizou o Dia de Campo Bananicultura na Aldeia Manga, localizada em Oiapoque, extremo norte do Amapá. O evento contou com a participação de produtores indígenas e teve como objetivo apresentar o cultivo de banana como uma nova fonte de renda e alimentação, especialmente para aquelas comunidades que estão enfrentando os efeitos devastadores da praga vassoura-de-bruxa, a qual tem prejudicado severamente a produção de mandioca na região.
A iniciativa é uma parceria entre a Embrapa e o Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), contando com o apoio de diversas instituições. Durante o evento, foram apresentadas três variedades de banana que se adaptam bem ao solo e às condições climáticas do estado: BRS Terra Anã, BRS Princesa e BRS Pacoua. Essas variedades são conhecidas por sua resistência a pragas e doenças, oferecendo uma solução promissora para os agricultores locais.
Além das orientações técnicas feitas por especialistas, o Dia de Campo também valorizou o conhecimento ancestral dos povos indígenas. O agricultor Leôncio Oliveira, da etnia Karipuna, é um exemplo disso. Com 16 anos de experiência no cultivo de banana na Aldeia Manga, ele motivou outros produtores a diversificarem suas lavouras. “Hoje oriento outros agricultores a usarem esse conhecimento como uma forma de renda diante da escassez da mandioca. O Dia de Campo ajuda a motivar mais pessoas”, declarou Leôncio.
A programação do evento foi dividida em três estações temáticas, abordando temas como manejo adequado de bananais, identificação e combate a pragas, além de práticas de pós-colheita e armazenamento que valorizam o produto na hora da venda.
De acordo com Cristiane Ramos de Jesus, pesquisadora da Embrapa Amapá, a colaboração entre instituições públicas e lideranças indígenas é crucial para fortalecer a produção local. “Queremos que os produtores conheçam o bananal, dialoguem com técnicos e agricultores experientes, e que apliquem esse modelo em suas áreas como uma alternativa de renda”, explicou.
Kelson Vaz, presidente do Rurap, também ressaltou a relevância do cultivo de banana, especialmente para os agricultores que têm enfrentado perdas significativas na produção de mandioca. “Enquanto buscamos soluções para a praga, oferecemos outras opções de cultivo. A banana é uma boa alternativa, já bastante conhecida por muitos produtores”, afirmou.
O Dia de Campo é parte de um projeto maior que visa enfrentar os desafios impostos pela vassoura-de-bruxa. Essa iniciativa é financiada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), através do TED Indígena, e é coordenada pela Embrapa Amapá, com apoio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Rurap, Prefeitura de Oiapoque, Instituto Iepé, Conselho de Caciques Indígenas e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).