Resultados Expressivos Apesar dos Desafios
O agronegócio de Minas Gerais está prestes a concluir 2025 com números recordes em termos de produção e comércio exterior, mesmo diante de um ano repleto de adversidades climáticas e dificuldades econômicas nos diversos elos da cadeia produtiva. Dados do Sistema Faemg Senar, que une a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Minas), revelam que, de janeiro a novembro, o Valor Bruto da Produção (VBP) do agronegócio alcançou aproximadamente R$ 172 bilhões, um montante que supera integralmente o resultado obtido em 2024.
No que diz respeito ao comércio internacional, a performance foi ainda mais impressionante. As exportações do agronegócio mineiro totalizaram cerca de R$ 100 bilhões no mesmo período, consolidando-se como o maior valor já registrado pelo Estado. Esse resultado eleva Minas Gerais a um dos principais polos agroexportadores do Brasil, com vendas destinadas a mercados como União Europeia, Ásia, América do Sul e Oriente Médio. A receita obtida com exportações apresentou um crescimento de quase 13% em comparação ao ano anterior.
Crescimento nas Culturas e Desafios na Pecuária
O avanço das exportações foi impulsionado, especialmente, pela agricultura, que obteve um crescimento próximo de 17% em valor de produção. Esse sucesso reflete o bom desempenho de culturas significativas, como café, grãos e produtos florestais. A pecuária também teve uma contribuição notável, com um aumento em torno de 12%, sustentada pela demanda externa e pela competitividade em segmentos como carne, leite e seus derivados.
Contudo, mesmo com os números positivos no agregado, os resultados não foram homogêneos ao longo de toda a cadeia produtiva. Eventos climáticos extremos, como estiagens prolongadas em determinadas regiões e chuvas excessivas em outras, afetaram a produtividade e elevaram os custos de produção. Além disso, a combinação de juros altos, aumento no preço de insumos e desafios logísticos pressionou as finanças dos produtores, em especial aqueles de menor porte.
Tomaz Soares, empresário da Comercial Soares, especializada em insumos e defensivos agrícolas, destaca que a agricultura familiar também sofreu com o cenário adverso em 2025. “Foi um ano complicado para muitos produtores. As condições climáticas resultaram em perdas significativas, e a economia apertada limitou a capacidade de investimento, refletindo diretamente no desempenho das propriedades e na demanda por insumos”, afirma.
Resiliência e Expectativas para o Futuro
Apesar dos desafios, a análise do Sistema Faemg Senar revela que os resultados evidenciam a resiliência do agronegócio mineiro, que conseguiu expandir sua produção e exportações mesmo em um contexto difícil. Para 2026, as expectativas são de que o setor mantenha seu protagonismo, embora o cenário continue exigindo planejamento, gestão de custos e maior eficiência produtiva para sustentar os ganhos observados até aqui.
Nova Logística e Oportunidades no Escoamento de Grãos
Em um contexto mais amplo, o Arco Norte se firmou como uma alternativa vital para o escoamento de grãos. Nesse cenário, o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), localizado no Porto do Itaqui, tornou-se uma peça central dessa reestruturação, aumentando os volumes embarcados e solidificando sua posição em relação aos corredores tradicionais do Sul e Sudeste.
Durante o ano, o consórcio TEGRAM-Itaqui movimentou impressionantes 13,5 milhões de toneladas de grãos, principalmente destinados a mercados na Europa e na Ásia. Esse resultado reafirma a importância desse corredor logístico como uma opção competitiva para produtores do Centro-Norte do Brasil, especialmente considerando a produção da região do MATOPIBA — que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — além do Nordeste mato-grossense, que têm ampliado sua participação nas exportações brasileiras.
Com uma capacidade estática de armazenamento de 500 mil toneladas, distribuídas em quatro armazéns, e um sistema ferroviário capaz de descarregar oito vagões simultaneamente, o Tegram tem se mostrado fundamental para a previsibilidade nas operações logísticas. Com a terceira fase de expansão em andamento, que envolve um investimento de R$ 1,16 bilhão, o terminal deve aumentar sua capacidade anual em 8,5 milhões de toneladas, elevando seu potencial total para cerca de 23,5 milhões de toneladas por ano.
A ampliação do Tegram é fundamental para acompanhar o crescimento da produção de grãos no Centro-Norte e solidificar o Porto do Itaqui como um dos maiores complexos exportadores do Brasil. Para o setor, esse avanço representa não apenas um aumento de capacidade, mas uma transformação significativa na geografia logística do agronegócio brasileiro, com impactos diretos na competitividade, nas margens dos produtores e na inserção do Brasil no comércio global de alimentos.
