Novo Teste Transformador
Estima-se que uma em cada 200 pessoas em todo o mundo sofra de um cansaço extremo, dificuldade de concentração e problemas de memória e sono. Essa condição é conhecida como encefalite miálgica, ou síndrome da fadiga crônica (SFC).
Os pacientes enfrentam, frequentemente, o desafio de um diagnóstico que se baseia apenas em sintomas, uma vez que não existe um exame que comprove a doença. O médico Roberto Heymann, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), ressalta que “o diagnóstico é clínico, fundamentado nos sinais e no descarte de outras possíveis causas”.
No entanto, uma nova pesquisa desenvolvida no Reino Unido e nos Emirados Árabes Unidos pode mudar este cenário. Um exame de sangue denominado EpiSwitch promete identificar a síndrome em até 92% dos casos e aguarda aprovação dos órgãos reguladores para uso.
Funcionamento do EpiSwitch
O EpiSwitch utiliza tecnologia avançada para detectar marcadores biológicos associados à condição. Esta ferramenta analisa sinais inflamatórios no corpo que podem ser lidos e interpretados para entender melhor a presença da doença.
Por meio da decodificação do DNA, esse teste consegue identificar mudanças que ocorrem no organismo devido à síndrome da fadiga crônica, o que abre novas possibilidades para diagnósticos de outras condições, como a covid longa.
Entendendo a Síndrome da Fadiga Crônica
A síndrome da fadiga crônica é uma condição que afeta principalmente mulheres jovens e de meia-idade. Além do cansaço extremo, os pacientes podem apresentar sintomas como mal-estar após atividades físicas, sono não reparador — uma sensação de que o descanso não alivia a fadiga — e dificuldades de memória e concentração, conhecida como “névoa mental”. Outros sinais incluem dores pelo corpo, sensibilidade aumentada a estímulos sensoriais e alterações intestinais.
O diagnóstico da SFC é complexo e envolve uma avaliação clínica cuidadosa, seguindo critérios estabelecidos pela Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos. Para ser diagnosticado, o paciente deve apresentar fadiga intensa por pelo menos seis meses, mal-estar após esforço e sono não reparador, além de pelo menos um dos seguintes sintomas: dificuldades cognitivas ou intolerância ortostática.
Possíveis Causas da Condição
A origem da síndrome da fadiga crônica ainda não está completamente elucidada, mas estudos mostram que cerca de 70% dos casos são desencadeados por infecções, principalmente virais, como mononucleose, gripe, herpes e covid-19. Essas infecções podem atuar como gatilhos em pessoas predispostas geneticamente, além de alterações no sistema imunológico e estresse.
Em relação à covid-19, muitos pacientes relatam fadiga persistente e dificuldades cognitivas, características da síndrome. Pesquisas indicam que entre 8% e 14% dos pacientes que se recuperaram da covid-19 podem vir a desenvolver a síndrome da fadiga crônica, especialmente entre mulheres e pessoas que apresentaram condições autoimunes.
Impacto da Condição na Saúde Mental
Embora a síndrome da fadiga crônica não seja considerada um transtorno psiquiátrico, é comum que pacientes desenvolvam questões emocionais como depressão e ansiedade decorrentes do impacto da doença em sua qualidade de vida. Esses sintomas, embora distintos, podem se sobrepor à experiência dos pacientes com a síndrome.
Importância de um Diagnóstico Eficiente
A introdução de um teste confiável pode revolucionar a maneira como a síndrome da fadiga crônica é diagnosticada e tratada. A validação da experiência dos pacientes que enfrentam o descaso e o estigma pode trazer alívio e esperança em um tratamento mais eficaz.
Atualmente, o tratamento é focado na mitigação dos sintomas, uma vez que não existe cura definitiva. Os pacientes são orientados a respeitar seus limites de energia, evitando a piora da fadiga, e podem se beneficiar de terapia cognitivo-comportamental (TCC) e acompanhamento regular para lidar com a condição.
O uso de medicamentos deve ser cauteloso, com a introdução gradual de doses baixas, visando tratar sintomas específicos. A telemedicina pode ser uma aliada importante para evitar deslocamentos que possam agravar o cansaço e o mal-estar dos pacientes.
