Rumo à Combate da Vassoura-de-Bruxa
Na última terça-feira (16), o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) promoveu uma reunião virtual com a finalidade de traçar estratégias contra a praga da vassoura-de-bruxa, que ameaça a cultura da mandioca na região. O encontro contou com a presença de órgãos técnicos, pesquisadores, promotores de Justiça e lideranças de comunidades tradicionais, todos unidos em torno da proteção deste cultivo essencial.
A coordenação da reunião foi realizada pelo Núcleo Agrário e Fundiário (NAF) do MPPA. O principal objetivo? Atualizar os participantes sobre o monitoramento do fungo e, simultaneamente, articular uma rede de proteção que impeça a continuidade da disseminação da praga em solo paraense. Atualmente, os focos da vassoura-de-bruxa estão restritos à área do Parque Nacional do Tumucumaque, que faz divisa com o Amapá.
Entre os participantes, destacaram-se a promotora de Justiça Ione Missae da Silva Nakamura, coordenadora do NAF, e outros promotores de Justiça como Sonildo Soares de Sousa Filho, de Altamira, e Vinicius Domingues Maciel, de Almeirim. Assessores jurídicos de promotorias de diversas regiões do estado, como Óbidos, Oriximiná, Santarém e Marabá, também contribuíram com suas perspectivas.
Foco na Prevenção e Monitoramento
Os debates tiveram acompanhamento de órgãos responsáveis por pesquisa, fiscalização e assistência técnica. A Embrapa foi representada pelo chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, Walkymário de Paulo Lemos, e pela pesquisadora Elisa Ferreira Moura. Já a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) enviou técnicos especializados em fitossanidade, além de representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e do engenheiro agrônomo do MPPA, Gilmar Lima Costa.
Durante a reunião, a prevenção foi apontada como uma prioridade, especialmente nesse período de final de ano, quando o movimento de pessoas e o transporte de materiais vegetais entre estados se intensificam, principalmente através de embarcações. Técnicos da Adepará salientaram que, até o momento, não existem produtos químicos eficazes para erradicar a vassoura-de-bruxa completamente, tornando o controle do trânsito de mudas e materiais vegetais como a principal estratégia de contenção.
Pesquisadores da Embrapa também expressaram preocupações quanto às limitações orçamentárias que têm atrasado as pesquisas genéticas relacionadas ao combate da praga. Eles enfatizaram a falta de um plano integrado que inclua a colaboração entre os níveis municipal, estadual e federal. Como alternativas temporárias, os técnicos da Emater sugeriram a prática de plantio consorciado e a produção de mudas em ambientes controlados, medidas que podem ajudar a conter a proliferação do fungo.
Fortalecendo a Comunicação com as Comunidades Tradicionais
A reunião não se limitou apenas a especialistas e autoridades; lideranças das comunidades quilombolas e indígenas também estiveram presentes. Elas destacaram a importância de garantir que as informações sobre a praga cheguem às populações que habitam as áreas afetadas. Dentre as propostas sugeridas, estava a tradução de materiais informativos para línguas indígenas, buscando facilitar a comunicação sobre os riscos associados à doença.
A promotora Ione Nakamura ressaltou que, mesmo com o foco da praga em área de competência federal, a responsabilidade pela prevenção nas regiões adjacentes é dos estados e municípios. O MPPA se comprometeu a intensificar a vigilância fitossanitária e a apoiar ações de educação e comunicação, promovendo campanhas em rádios, escolas e eventos, tanto presenciais quanto virtuais.
Ao término da reunião, foi decidido que todos os registros e materiais técnicos seriam compartilhados entre os órgãos participantes. Essa medida visa garantir um alinhamento institucional e aumentar a eficácia das ações de monitoramento e prevenção em todo o estado do Pará.
