Reações Críticas à Operação Contenção
Na última quarta-feira (29), deputados das federações Psol-Rede e PT-PCdoB-PV expressaram sua indignação em relação à Operação Contenção, realizada pelas polícias do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha. O foco da operação era o combate às lideranças do Comando Vermelho, mas o resultado foi trágico: mais de 100 pessoas perderam a vida. Durante uma coletiva na Câmara dos Deputados, os parlamentares não hesitaram em acusar o governo fluminense de promover o que eles qualificaram de “chacina”, demandando urgentemente mudanças na política de segurança pública do estado.
O deputado Reimont (PT-RJ), que preside a Comissão de Direitos Humanos, alertou que o número de mortos pode ter chegado a mais de 200. Em suas palavras, a operação foi a “maior chacina do Brasil, superando a do Carandiru”. Para ele, este evento se configura como “uma chacina continuada”, evidenciando um padrão recorrente nas ações policiais no estado.
Críticas ao Modelo de Enfrentamento
Leia também: Homem Detido no Porto Após Desobediência à Ordem da PSP
Fonte: jornalvilavelha.com.br
Leia também: Palavras Cruzadas nº 1333 – Desafios do Expresso
Fonte: novaimperatriz.com.br
A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), líder da bancada, criticou abertamente o planejamento da operação. Segundo ela, a abordagem do governo estadual tem se mostrado devastadora. “O que tem sido feito para enfrentar as organizações criminosas é um banho de sangue. Há décadas, enxugamos sangue, e as famílias continuam a sofrer as consequências de um modelo de segurança pública que, segundo ela, é capitaneado pela incompetência e covardia do governador Cláudio Castro”, declarou.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também se manifestou, afirmando que a operação foi “a mais letal da história do Rio de Janeiro”. Ele defendeu a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança como uma solução para implementar uma política de segurança mais eficiente, que priorize a cidadania e a inteligência.
Defesas da Ação Policial
Leia também: Caminhada pela Vida: Mais de 500 Participantes Celebram Saúde em Casimiro de Abreu
Fonte: cidaderecife.com.br
Por outro lado, parlamentares de partidos de direita saíram em defesa das ações das forças de segurança. O deputado Rodrigo Valadares (União-SE) justificou a operação como uma medida necessária para combater a violência e o crime organizado. “Esses criminosos não respeitam a lei, nem a vida. A polícia do Rio fez o que precisava ser feito para garantir a segurança da população de bem”, afirmou.
O deputado Delegado Caveira (PL-PA) criticou as manifestações contrárias à operação, ressaltando que é fácil condenar a polícia de longe. “Lá na ponta, quem enfrenta o tráfico arrisca a vida todos os dias. Não há chacina, há legítima defesa da sociedade contra o crime”, afirmou. O deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) também destacou que a operação foi resultado de “planejamento e coragem”, argumentando que a polícia agiu com base em informações de inteligência.
Denúncias de Tortura e Executações
Familiares de vítimas e lideranças comunitárias relatam que a Operação Contenção foi marcada por práticas de tortura e execuções. Para evitar a fuga dos suspeitos, as polícias teriam adotado uma estratégia de cerco nas comunidades, utilizando o Batalhão de Operações Especiais (Bope) para bloquear as saídas. Testemunhos indicam que o confronto foi particularmente violento, resultando em sinais de tortura e execução de corpos resgatados e dispostos na manhã seguinte em frente à associação comunitária, na Praça São Lucas, na localidade conhecida como Vila Cruzeiro.
Os integrantes da Comissão de Direitos Humanos programaram uma visita ao Complexo do Alemão, ao Instituto Médico-Legal (IML) e à Defensoria Pública do Rio de Janeiro para acompanhar as investigações e ouvir os familiares das vítimas. A situação expõe a grave tensão entre os direitos humanos e a política de segurança pública no estado, exigindo uma discussão mais aprofundada sobre o tema e a necessidade de estratégias que priorizem a vida e a dignidade humana.
Em um cenário onde a segurança pública e os direitos humanos parecem muitas vezes incompatíveis, o Rio de Janeiro continua a ser um campo de batalha para diferentes visões e políticas, deixando em segundo plano a dor e as histórias das famílias afetadas por essa tragédia.
