Tecnologia de Radar: Um Avanço Crucial para a Amazônia
A vigilância ininterrupta da Amazônia, tão aguardada por ambientalistas e órgãos de segurança, finalmente se tornou realidade. O Brasil agora conta com a habilidade de monitorar a extração ilegal de madeira, o crescimento do garimpo e outras práticas criminosas na floresta, 24 horas por dia. Isso é possível graças à implementação de satélites equipados com tecnologia de radar. Essa inovação supera um dos maiores desafios enfrentados na região: a densa cobertura de nuvens, que historicamente dificultava a fiscalização efetiva. Esse avanço representa um marco na política ambiental e de segurança do país, posicionando essa nova tecnologia como um pilar central na proteção territorial.
A nova etapa no monitoramento ambiental é resultado de uma estratégia abrangente. Informações da Força Aérea Brasileira (FAB) indicam que os satélites com tecnologia de radar já estão operando ativamente. Além disso, comunicados da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) detalham os progressos em projetos futuros. Essa abordagem híbrida, que combina a aquisição de tecnologia, colaboração internacional e desenvolvimento local, tem como objetivo consolidar e expandir o uso de satélites de radar no Brasil.
Superando Limitações: Como o Radar Revoluciona a Vigilância
Por muitos anos, a vigilância da Amazônia, embora pioneira em escala global com sistemas como PRODES e DETER, enfrentou uma limitação significativa: a dependência de satélites ópticos. Esses dispositivos, que operam como câmeras de alta resolução, necessitam de luz solar e de um céu limpo para gerar imagens, tornando-se ineficazes à noite e, principalmente, durante os longos períodos de chuvas e nebulosidade que caracterizam a região. Essa situação criava um verdadeiro “vácuo de soberania”, como mencionam especialistas, permitindo que criminosos atuassem sem serem vistos. Os satélites com tecnologia de radar (SAR) surgem como a solução ideal para essa questão. Ao contrário dos sensores ópticos, o radar é um sistema ativo que emite pulsos de micro-ondas capazes de penetrar nuvens, fumaça e escuridão, permitindo a “iluminação” do solo e a captura de imagens do que está acontecendo. Essa capacidade transforma a fiscalização de reativa — apenas medindo os danos — em uma ação proativa, que detecta atividades ilegais no exato momento em que ocorrem.
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Iniciativas da FAB: Os Satélites Carcará
Uma resposta imediata do Brasil para obter essa tecnologia veio do setor de defesa. De acordo com informações da Força Aérea Brasileira (FAB), o Projeto Lessonia colocou em órbita os satélites Carcará I e Carcará II em maio de 2022. Desenvolvidos pela empresa finlandesa ICEYE, esses são os primeiros satélites de radar de alta resolução a serem operados pelo Brasil, suprindo uma demanda urgente por vigilância e fornecendo dados essenciais para o sistema de defesa e monitoramento nacional.
Os satélites Carcará operam em um modelo de “uso dual”, atendendo tanto a necessidades militares quanto civis. Enquanto as Forças Armadas utilizam essas imagens para a vigilância de fronteiras e combate ao narcotráfico, o principal usuário civil é o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM). Esse centro é responsável por processar as imagens de radar e transformá-las em inteligência acionável, enviando alertas sobre desmatamento e garimpo ilegal para órgãos de fiscalização, como IBAMA e Polícia Federal, o que permite operações em campo com precisão e rapidez sem precedentes.
O Futuro dos Satélites de Radar no Brasil
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Além da aquisição de tecnologia já disponível, o Brasil também está investindo em iniciativas a longo prazo. Um marco significativo dessa trajetória foi o lançamento do Amazonia-1 em 2021, o primeiro satélite de observação da Terra totalmente projetado, integrado e operado pelo Brasil, sob a liderança do INPE. Embora seja um satélite óptico, seu grande legado foi validar a Plataforma MultiMissão (PMM), uma espécie de “chassi” de satélite versátil e de tecnologia nacional.
O sucesso da PMM, segundo a AEB e o INPE, qualificou o Brasil para um grande avanço: o CBERS-6. Em colaboração com a China, o Brasil fornecerá a plataforma PMM enquanto os chineses desenvolverão a carga útil SAR. Com lançamento previsto para 2028, este programa garantirá ao país acesso a mais um satélite com tecnologia de radar, fortalecendo sua capacidade de monitoramento contínuo e aprofundando o conhecimento nacional na operação desses sistemas.
Setor Privado e o Desenvolvimento de Satélites de Radar
O setor privado também está se mobilizando para desenvolver e implantar satélites com tecnologia de radar. Informações sobre a empresa brasileira SpotSat indicam que ela está planejando criar o “Odail Spot One”. O projeto visa atender à crescente demanda do agronegócio por conformidade ambiental, com a capacidade de monitorar propriedades rurais independentemente das condições climáticas, representando uma vantagem competitiva e regulatória.
Essa iniciativa da SpotSat evidencia a maturidade do mercado brasileiro e um novo vetor de inovação focado nessa tecnologia. Se bem-sucedido, o projeto não só atenderá a uma demanda comercial crucial para a economia, mas também representará um avanço na oferta de dados de sensoriamento remoto no Brasil. A criação de uma solução privada poderá complementar os esforços governamentais, fornecendo dados com alta frequência e serviços personalizados para diversos setores que dependem de satélites de radar.
Impactos da Tecnologia de Radar na Amazônia
A incorporação definitiva dos satélites com tecnologia de radar ao sistema de vigilância brasileiro é, sem dúvidas, um marco. A capacidade de “ver através das nuvens” elimina a principal barreira natural à fiscalização da Amazônia e outras áreas estratégicas. Quais serão os impactos desta nova tecnologia para o futuro da Amazônia e da segurança no Brasil? Será que essa tecnologia conseguirá coibir o crime ambiental ou criará novas formas de burlá-la?