O Governo do Amapá, em colaboração com os Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social (MDS), além da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), anunciou nesta segunda-feira, dia 16, um significativo investimento de R$ 4,7 milhões voltado para a assistência técnica e extensão rural destinada às comunidades indígenas do oiapoque, que têm enfrentado sérias dificuldades devido à infestação da praga conhecida como “vassoura-de-bruxa” na mandioca. Este recurso, obtido através do Instrumento Específico de Parceria, tem como objetivo implementar ações direcionadas ao combate desse fungo, promover a produção agrícola de qualidade, fortalecer a organização das cooperativas locais, estimular a comercialização e, consequentemente, aumentar a geração de renda entre as comunidades indígenas, melhorando assim suas condições de vida.
O governador Clécio Luís enfatizou a importância dessa iniciativa, destacando que diversas ações interligadas serão realizadas para oferecer assistência técnica rural nas áreas indígenas, beneficiando diretamente 400 famílias. Cada uma dessas famílias receberá um apoio financeiro de R$ 4,6 mil do governo federal. Segundo o governador, a mandioca não é apenas um alimento, mas uma base alimentar fundamental que gera uma variedade de produtos consumidos e comercializados pelos indígenas. Ele reforçou que a mandioca é vital para a segurança alimentar, possui valor cultural e econômico, além de propriedades fitoterápicas.
Os R$ 4,7 milhões são oriundos de um conjunto de recursos do governo federal, incluindo emenda do ex-deputado federal Camilo Capiberibe, da Secretaria dos Povos Tradicionais do MDA e do programa Fomento Rural, do MDS, em parceria com uma contrapartida do Governo do Estado. A execução deste investimento será realizada pelo Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap) e pela Anater, garantindo que as ações sejam implementadas de maneira eficaz e estratégica.
A praga da “vassoura-de-bruxa” é uma doença ainda em fase de estudo por instituições especializadas, que buscam métodos eficazes para combatê-la. Enquanto isso, a assistência técnica oferecida, juntamente com a ajuda humanitária e as iniciativas de fomento, estão contribuindo para mitigar os impactos desta praga devastadora nas plantações. O projeto, intitulado Programa ATER Socioambiental para Famílias de Povos Indígenas do oiapoque, foi desenvolvido a partir de uma solicitação do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do oiapoque (CCPIO) e contou com a colaboração de diversos órgãos federais e líderes indígenas.
O cacique Gilmar Nunes, da Aldeia Uarrá e representante do CCPIO, expressou a gravidade da situação, mencionando que a praga tem afetado significativamente as plantações de mandioca da região. Ele destacou que, embora ainda não haja um método de combate estabelecido, a comunidade está se esforçando ao máximo para superar esse desafio. Essa proposta é considerada pioneira no Brasil e pode servir como modelo para outras iniciativas de apoio técnico a povos indígenas em todo o país.
Camilo Capiberibe, diretor administrativo financeiro da Anater, acrescentou que a assistência técnica indígena está sendo revitalizada, com a presença de extensionistas nas comunidades, além do suporte financeiro para as famílias. Ele enfatizou a importância dessa abordagem para enfrentar o momento de insegurança alimentar e a queda nas atividades econômicas, uma vez que muitos indígenas dependem da venda de seus produtos, inclusive para a Guiana Francesa.
A cerimônia de assinatura do instrumento ocorreu no Palácio do Setentrião, em Macapá, e contou com a presença de várias autoridades, incluindo Clécio Luís e Camilo Capiberibe, além do diretor-presidente do Rurap, Kelson Vaz; a diretora técnica da Anater, Loroana Santana; e representantes dos povos indígenas do oiapoque e Agentes Socioambientais Indígenas (Agamins).
Desde que a praga foi registrada nas plantações indígenas, o Governo do Estado tem trabalhado em conjunto com diversos órgãos para combater essa doença. Em 2025, 16 indígenas foram contratados por meio do Rurap como agentes ambientais, oferecendo assistência técnica especializada. Além disso, kits alimentares com produtos específicos foram distribuídos às comunidades indígenas através do programa Amapá Sem Fome, bem como a doação de farinha de mandioca produzida em áreas não contaminadas no município de Mazagão.
Adicionalmente, barreiras sanitárias foram implementadas nas estradas para prevenir a propagação do fungo, enquanto orientações específicas foram fornecidas aos produtores de mandioca sobre práticas de contenção, como o cultivo em áreas não afetadas, o uso de novas sementes resistentes e a proibição do compartilhamento de sementes. A promoção do plantio de cultivares diversificadas também foi incentivada, buscando garantir a sustentabilidade e a produtividade da agricultura indígena na região do oiapoque.