O Governo do Amapá, em uma importante colaboração com os Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social (MDS), além da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), anunciou um investimento significativo de R$ 4,7 milhões voltado para assistência técnica e extensão rural direcionada às comunidades indígenas do Oiapoque, que estão enfrentando os efeitos devastadores da praga da mandioca, conhecida como “vassoura-de-bruxa”. Este investimento, garantido através do Instrumento Específico de Parceria, tem como objetivo principal implementar ações eficazes para o combate a este fungo nocivo, além de promover a produção agrícola sustentável e de qualidade, fortalecer a organização cooperativa, incentivar a comercialização de produtos locais e, assim, ampliar a geração de renda para as comunidades indígenas da região, melhorando, consequentemente, a qualidade de vida dessas populações.
O governador Clécio Luís destacou a importância das iniciativas que compõem esse projeto, afirmando que elas se complementam e que a parceria permitirá a assistência técnica rural nas áreas indígenas, beneficiando diretamente cerca de 400 famílias. Cada uma dessas famílias receberá um fomento de R$ 4,6 mil, proveniente do Governo Federal. Ele ressaltou que a mandioca é muito mais do que um alimento; ela representa a base alimentar que gera diversos produtos consumidos pelos indígenas e que têm grande valor comercial. “A mandioca é um pilar de segurança alimentar, além de ser um símbolo cultural e uma fonte de renda, e possui ainda propriedades fitoterápicas”, enfatizou o governador.
Os R$ 4,7 milhões que serão investidos são oriundos de recursos do Governo Federal, incluindo emenda do ex-deputado federal Camilo Capiberibe, além de contribuições da Secretaria dos Povos Tradicionais do MDA e do programa Fomento Rural do MDS, com a contrapartida do Governo do Estado. A execução desse investimento ficará a cargo do Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap) e da Anater, garantindo que as ações cheguem efetivamente às comunidades afetadas.
A praga “vassoura-de-bruxa” é um fungo que ainda está sendo estudado por instituições especializadas para o desenvolvimento de métodos de combate. Enquanto as pesquisas avançam, a assistência técnica, o trabalho de contenção da disseminação da praga e a ajuda humanitária estão sendo fundamentais para mitigar os impactos da doença nas plantações. O projeto, denominado Programa ATER Socioambiental para Famílias de Povos Indígenas do Oiapoque, surgiu a partir de uma demanda do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO) e foi elaborado em colaboração com várias entidades federais e líderes indígenas.
O cacique Gilmar Nunes, da Aldeia Uarrá e representante do CCPIO, expressou a preocupação com a praga que afeta as plantações de mandioca na região, ressaltando que, embora ainda não exista uma solução definitiva para o combate à “vassoura-de-bruxa”, há um esforço coletivo para enfrentar o problema. Ele afirmou que a assistência técnica e os recursos oferecidos são cruciais para a superação deste desafio.
Essa iniciativa é considerada pioneira no Brasil, podendo servir como modelo para outras ações de apoio técnico a povos indígenas em todo o país. Camilo Capiberibe, diretor administrativo financeiro da Anater, mencionou que essa é uma oportunidade para retomar a assistência técnica específica para os indígenas, com a presença de extensionistas em campo, além de fornecer fomento financeiro às famílias. Ele destacou a importância dessa assistência no enfrentamento da insegurança alimentar e na recuperação da atividade econômica, uma vez que muitos indígenas comercializam seus produtos, inclusive para a Guiana Francesa.
A cerimônia de assinatura do instrumento que formalizou essa parceria ocorreu no Palácio do Setentrião, em macapá, reunindo autoridades como Clécio Luís e Camilo Capiberibe, além de representantes do Rurap e da Anater, e líderes das comunidades indígenas do Oiapoque. Desde o início do registro da praga, o Governo do Estado tem trabalhado em conjunto com diversas entidades para desenvolver estratégias de combate à doença. Em 2025, foram contratados 16 indígenas como agentes ambientais para atuarem na assistência técnica especializada. Além disso, foram distribuídos kits alimentares e doações de farinha de mandioca produzida em áreas não contaminadas, como parte do programa Amapá Sem Fome.
A implementação de barreiras sanitárias nas estradas também foi um passo importante para evitar a proliferação do fungo, enquanto orientações específicas foram fornecidas aos produtores de mandioca sobre práticas de cultivo em áreas não afetadas, uso de novas sementes resistentes à praga e a adoção de cultivares diversificadas. Essas medidas visam garantir a sustentabilidade e a produtividade das plantações indígenas, promovendo um futuro mais seguro e próspero para essas comunidades.