O Agronegócio como Motor Econômico
O Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), disponibilizado pelo Banco Central, revela resultados significativos sobre o crescimento das economias estaduais brasileiras em 2025. Um aspecto comum entre os estados que se destacaram é a influência vital do agronegócio e das cadeias produtivas relacionadas ao campo. Em um contexto nacional de crescimento moderado, os estados com uma sólida base agropecuária e agroindustrial foram responsáveis por taxas de expansão mais elevadas.
O Pará lidera o ranking, destacando-se como o estado com o maior crescimento econômico do país. Embora a mineração represente uma parte significativa da sua economia, a combinação da agropecuária voltada para a exportação — com ênfase em grãos, pecuária e atividades florestais — garantiu um impulso adicional. A integração eficiente entre a produção primária, logística e exportações foi essencial para sustentar a atividade econômica, mesmo quando outros setores enfrentaram dificuldades.
Embora a colheita de 2026 esteja prestes a começar, alguns estados iniciaram sua produção. Estados do Centro-Oeste e do Sul também se destacam, onde o agronegócio desempenha um papel crucial na estrutura econômica. Goiás, por exemplo, registrou um crescimento de 4,8%, consolidando-se como um dos destaques nacionais ao converter uma boa safra em movimentação econômica mais ampla. A força do agronegócio não se limitou à produção de grãos, mas também se expandiu para a agroindústria, transporte, comércio e serviços, ampliando o impacto positivo da atividade rural.
Desempenho Variado entre Estados
O Paraná e Santa Catarina também se alternaram nas primeiras posições ao longo de 2025. Nesses estados, a produção agropecuária competitiva — com foco em grãos, proteínas animais e um forte cooperativismo — serviu como alicerce para sustentar a indústria de alimentos, gerar empregos e estimular o consumo interno. Apesar das oscilações em alguns meses, o desempenho se manteve acima da média nacional.
Em contrapartida, estados com economias menos ligadas ao agronegócio ou que dependem mais do setor de serviços apresentaram um crescimento mais modesto. São Paulo, a maior economia do país, cresceu em um ritmo mais lento, refletindo a queda no consumo e ajustes em setores industriais. Embora o interior do estado tenha um agro relevante, o impacto do setor rural se dilui na composição global da economia paulista.
No Nordeste, o desempenho foi desigual. Estados com uma presença maior do agronegócio exportador e de polos agroindustriais apresentaram resultados mais positivos se comparados àqueles que ainda dependem mais de serviços e transferências públicas. O Rio Grande do Sul, por sua vez, enfrentou desafios decorrentes de eventos climáticos extremos, comprometendo a produção agrícola e limitando o avanço econômico, ressaltando a importância do setor agrícola no crescimento regional, seja de forma positiva ou negativa.
A Importância da Agroindústria e do Planejamento
Os dados do Banco Central reforçam a análise de que em 2025, aqueles estados que conseguiram transformar a produção agropecuária em valor agregado, seja por meio da agroindústria, logística ou exportações, tiveram um desempenho notável. “Onde o agronegócio operou de maneira integrada, os efeitos se espalharam por toda a economia”, afirma Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA) e da Federação dos Engenheiros Agrônomos de Mato Grosso (Feagro-MT). “Por outro lado, onde a produção enfrentou custos elevados ou falta de infraestrutura, o crescimento ficou para trás.”
Rezende ressalta que o ranking do Banco Central mostra que o agronegócio não é apenas um setor essencial, mas o núcleo central da economia de diversos estados. “Onde o agro produziu adequadamente, investiu e conseguiu escoar sua produção, a economia apresentou melhores resultados”, conclui, enfatizando que o desempenho do campo não impacta apenas a renda agrícola, mas define o ritmo da economia local.
Ele também alerta que, embora o agronegócio tenha sustentado a economia em várias regiões, a continuidade desse suporte depende de condições como clima, crédito, custo de produção e segurança jurídica. Se alguma dessas condições falhar, os impactos nos indicadores econômicos podem ser rápidos e significativos. Dessa forma, o desempenho desigual entre os estados sublinha a necessidade de planejamento e investimento contínuo no setor, destacando a relevância de um agronegócio organizado, com cooperativismo forte e infraestrutura mínima para enfrentar períodos de instabilidade econômica.
