Relações Turbulentas no Comando do Senado
BRASÍLIA, DF – Após reassumir o comando do Senado, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) tem vivido um jogo de nuances em 2025. O parlamentar se posicionou como um dos principais apoiadores do governo Lula (PT) no Legislativo, mas também enfrentou desafios, principalmente em relação às indicações para o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e à escolha de lideranças das agências reguladoras. O cenário é de expectativa por uma reconciliação, embora desavenças ainda permeiem as conversas entre eles.
Aliados de Alcolumbre indicam que a relação entre o senador e o governo se distanciou da harmonia observada no início de sua gestão. Com um apoio expressivo que veio tanto do governo quanto da oposição, Alcolumbre voltou ao Senado com a missão de ser o principal parceiro do Executivo, especialmente em tempos difíceis.
O Papel de Alcolumbre na Governabilidade de Lula
Senadores influentes ressaltam que a habilidade de Alcolumbre em conquistar apoio para os projetos do governo no Senado foi decisiva, muitas vezes superando até mesmo os líderes governistas. A dinâmica do Senado se tornou, assim, vital para a governabilidade de Lula, que enfrentou desafios significativos na Câmara dos Deputados, onde o apoio tem sido mais escasso.
Enquanto isso, a base governista expressa preocupações sobre o engajamento dos aliados de Lula em defender os projetos do governo, pedindo ajustes para os meses que antecedem o período eleitoral. As interações entre Alcolumbre e Lula, que antes eram informais e amigáveis, mudaram, especialmente após a aposentadoria do ex-ministro do STF, Luís Roberto Barroso, em outubro. Essa transição deu início a uma crise que agora se aproxima de uma resolução.
Conflitos em Relação às Indicações do STF
A escolha do novo ministro do STF gerou um abalo nas relações entre Alcolumbre e o governo. O presidente do Senado e seus aliados esperavam que Lula nomeasse Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga, mas a opção por Jorge Messias surpreendeu e gerou descontentamento. Até o momento, a indicação de Messias ainda não foi votada pelo Senado, o que torna a situação ainda mais delicada.
Em um gesto que foi visto como uma retaliação, Alcolumbre anunciou a votação de um projeto referente à aposentadoria especial de agentes de saúde, uma proposta que contraria os interesses do governo e possui alto custo fiscal. Este movimento foi interpretado como uma forma de protesto, considerando a irritação com a escolha de Messias. Em resposta, o senador se defendeu publicamente, reiterando o apoio do Senado ao governo em momentos críticos.
Rumo à Reaproximação
Nos últimos dias, as tensões começaram a diminuir. Lula buscou dialogar com senadores próximos a Alcolumbre, como Weverton Rocha (PDT-MA) e Renan Calheiros (MDB-AL), para fomentar uma reaproximação. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), também tem atuado em favor da reconciliação entre o Executivo e o Legislativo.
Após a sessão final do Congresso em 2025, Alcolumbre foi questionado sobre a possibilidade de conversar com Lula, ao que respondeu que estaria à disposição, se convidado. As conversas já aconteceram, e o clima parece estar se ajustando, embora o senador ainda sinta que a relação não está totalmente normalizada.
Os Desafios Futuros e a Questão das Agências Reguladoras
Além das questões em torno da indicação de Messias, outros pontos de tensão continuam a surgir, como as nomeações de diretores para agências reguladoras, que estão atrasadas devido a divergências políticas. Essas nomeações precisam da aprovação do Senado, e a falta de consenso tem deixado algumas agências sem liderança.
Outro desafio se apresenta no cenário político com a campanha de Alcolumbre para a demissão do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, próximo a Lula. Embora o senador tenha perdido apoio para derrubar o ministro, a resistência do presidente em demiti-lo intensifica o embate entre eles.
O futuro das relações entre Alcolumbre e Lula se desenha como um território delicado, mas a atual tendência aponta para uma possível melhora. A dinâmica política do Brasil continua a se desenvolver em meio a tensões e reaproximações, refletindo a complexidade do cenário legislativo nacional.
