Inovações no Setor Pecuário
A pecuária no Brasil, já reconhecida como a maior exportadora de proteína do mundo, está prestes a alcançar um novo marco. Com previsão de se tornar líder na produção mundial de carne bovina até 2025, a região Noroeste do estado de São Paulo se destaca com a instalação do Centro de Pecuária Sustentável. Este novo centro, que ocupa uma área de 220 hectares no Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, está localizado em Rio Preto. O foco principal das pesquisas realizadas na unidade é a pecuária de baixo carbono.
A diretora do Centro, Renata Branco, explica que o objetivo é fornecer ao setor informações baseadas em ciência e dados. “Um dos maiores desafios atuais é produzir alimentos de maneira eficiente, competitiva e com responsabilidade ambiental. Nós trabalhamos para desenvolver tecnologias que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa, principalmente o metano, sem comprometer a produtividade”, afirmou.
Foco em Sustentabilidade e Bem-Estar Animal
Segundo Renata, a iniciativa em Rio Preto tem como prioridade a neutralidade climática na produção de bovinos de corte. Além disso, busca-se uma intensificação sustentável dos sistemas produtivos, promovendo a integração entre segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e bem-estar animal. A proposta inclui arranjos como a Integração Lavoura-Pecuária, entre outras estratégias de uso racional da terra. “Estamos colocando a ciência pública a serviço do Brasil, colocando-o na vanguarda da pecuária de baixo carbono”, destacou.
Outro ponto importante é que os pecuaristas da região contarão com o primeiro centro de pesquisa certificado pela Fair Food, que assegura altos padrões de bem-estar animal e ética na pesquisa. Renata ressaltou que o Centro foi estruturado para ser uma referência técnica e uma vitrine para o setor produtivo. “Nosso objetivo é oferecer ao pecuarista e à indústria diferentes modelos de produção, com indicadores que ajudem na tomada de decisões fundamentadas em evidências científicas, aumentando a competitividade da pecuária brasileira”, explicou.
Integração de Tecnologias e Agricultura
Para desenvolver as pesquisas, o Centro de Rio Preto conta com um rebanho de 280 bovinos além de plantações de amendoim e milho, essenciais para a silagem. Esta integração é vital para promover uma pecuária de baixo impacto de carbono. “As pesquisas estão focadas tanto em animais a pasto quanto em confinamento, permitindo avaliar soluções para diferentes sistemas de produção. Estudamos também a recuperação de áreas degradadas, utilizando amendoim e milho, o que impulsiona a qualidade do solo e a eficiência produtiva. Essa conexão entre produção animal e práticas agrícolas fortalece uma pecuária moderna e sustentável”, enfatizou Renata.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a produção brasileira de carne bovina deve alcançar 12,35 milhões de toneladas até 2025, superando pela primeira vez os Estados Unidos, cuja produção é estimada em 11,81 milhões de toneladas. Esse crescimento representa um aumento de 4% em relação a 2024, quando a produção brasileira foi de 11,9 milhões de toneladas.
Brasil na Vanguarda da Pecuária Global
Além de ser o maior produtor, o Brasil deve liderar também o ranking de exportações em 2025, com mais de 4 milhões de toneladas, seguido por países como Austrália, Índia e Estados Unidos. Especialistas afirmam que o uso intensificado de tecnologias no campo, especialmente em nutrição, manejo e genética, foi crucial para o Brasil alcançar essa posição de destaque.
Conforme a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), a liderança do Brasil como maior produtor mundial reflete a escala e a eficiência do setor, com uma estrutura industrial distribuída por todo o país. Isso garante um volume elevado de produção, mantendo a competitividade e a regularidade da oferta de carne bovina.
“Alcançar a liderança na produção mundial solidifica a base que sustenta o Brasil como o maior exportador de carne bovina. A produção em larga escala, a crescente produtividade e a eficiência industrial são fundamentais para garantir a competitividade e a confiança nos mercados internacionais”, concluiu Roberto Perosa, presidente da Abiec.
