Fuga Frustrada e Retorno ao Brasil
Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi preso na madrugada de Natal ao tentar fugir para o Paraguai, rompendo a tornozeleira eletrônica e descumprindo sua prisão domiciliar. Ele havia sido condenado a 24 anos e 6 meses de reclusão por sua participação em uma ação penal vinculada à trama golpista. Após a fuga, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu uma ordem de prisão preventiva contra o ex-diretor, que deve ser transferido para Brasília nas próximas horas.
A prisão aconteceu nas imediações da aduana paraguaia, onde Silvinei apareceu algemado e encapuzado, uma prática comum da polícia paraguaia em situações de expulsão. Durante a tentativa de fuga, ele apresentou documentos falsificados, incluindo identidade e passaporte com o nome de Julio Eduardo, na intenção de seguir para El Salvador. Curiosamente, ao ser interrogado, Silvinei alegou ter uma condição médica grave, afirmando que tinha câncer na cabeça e, portanto, não podia falar.
O diretor de Migrações do Paraguai, Jorge Kronawetter, relatou que, ao comparar as fotos, a numeração e as impressões digitais, foi possível confirmar que Silvinei não era a pessoa indicada nos documentos apresentados. Em um momento de esclarecimento, o ex-diretor confessou que os papéis não pertenciam a ele.
Irregularidades na Entrada e Expulsão
Silvinei foi expulso do Paraguai após ser abordado por não ter declarado sua entrada conforme exigido pela legislação migratória local. Além disso, a utilização de um documento de identidade que não lhe correspondia foi um fator decisivo para a expulsão, conforme explicou o diretor de Migrações. “Ele não só ingressou de maneira irregular, como também tentou utilizar uma identidade falsa, o que são duas infrações previstas na nossa lei migratória”, destacou Kronawetter.
O caso gerou repercussão, e o Ministério Público do Paraguai anunciou que irá investigar a origem dos documentos utilizados por Silvinei, que poderiam ter sido extraviados ou roubados.
Durante a abordagem, a declaração apresentada por Silvinei à polícia paraguaia chamava atenção. No documento, intitulado “Declaração Pessoal para Autoridades Aeroportuárias”, ele afirmava que, por conta de um diagnóstico de Glioblastoma Multiforme, não conseguia se comunicar verbalmente nem compreender instruções orais. Além disso, mencionava que o tratamento seria realizado em El Salvador, seu destino final, conforme apurado pela Polícia Federal brasileira.
Esclarecimentos Sobre o Tratamento Médico
Após a divulgação do caso, a Fundação de Saúde Itaiguapy, responsável pela administração do Hospital Itamed, emitiu uma nota para esclarecer que o médico mencionado no documento de Silvinei não tinha qualquer vínculo com a instituição. A fundação ressaltou que o número do CRM apresentado não correspondia a nenhum profissional ativo no hospital ou na região de Foz do Iguaçu.
No comunicado, a Fundação reiterou que o documento apresentado por Silvinei apresenta informações inconsistentes e utiliza uma logomarca que não é mais utilizada desde 2024, quando o hospital mudou sua denominação. O hospital se declarou também como vítima de um possível uso indevido de sua imagem institucional e de fraude.
O desfecho desse caso levanta questionamentos sobre a segurança das instituições e a eficácia das medidas de controle em situações de fuga de indivíduos condenados, além de por em evidência as práticas de migração que ocorrem nas fronteiras.
