Expectativas para a Produtividade Agropecuária em 2026
Após um 2025 repleto de recordes, a agropecuária brasileira deve enfrentar um período de estagnação em 2026. As previsões indicam uma queda na produtividade das lavouras, o que resultará em um crescimento quase nulo do Produto Interno Bruto (PIB) do setor. Entretanto, essa estabilidade não deve ser vista como algo negativo, uma vez que a agropecuária terminará 2025 em um patamar elevado, que deverá se manter em 2026.
“Estamos saindo de um ano (2025) bastante positivo para o agronegócio. Assim, se conseguirmos manter essa estabilidade em 2026, será uma notícia boa”, reflete a economista Natália Cotarelli, do Itaú. A especialista destaca que a agropecuária está em seu auge, com desafios para crescer ainda mais. Ela ressalta que a continuidade desse desenvolvimento depende, em grande parte, das condições climáticas.
A economista Sílvia Matos, do Ibre/FGV, também compartilha essa visão. “A estagnação não é um sinal de retrocesso. O setor agropecuário já atingiu níveis máximos, e qualquer aumento adicional exigirá um cenário favorável”, explica. Vale ressaltar que a agropecuária representa aproximadamente 6% do PIB nacional, mas, ao considerar os setores industriais e de serviços que dela dependem, essa porcentagem sobe para 25%.
Impacto do Agronegócio na Economia Brasileira
Nos últimos anos, o agronegócio tem desempenhado um papel crucial na melhoria da economia brasileira, especialmente no primeiro trimestre de 2025. Os dados mostram que, nesse período, o PIB cresceu 1,5% em relação ao trimestre anterior, impulsionado por uma impressionante alta de 16,4% na agropecuária, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Se não fosse pela safra agrícola tão robusta, o crescimento do PIB em 2025 seria inferior a 2,2%”, afirma Leonardo Porto, economista-chefe do Citi Brasil. A safra de soja, por exemplo, registrou um incremento significativo, enquanto as previsões para 2026 indicam um crescimento modesto de apenas 1% ou 2% em volume, após um ano de resultados extraordinários.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sugerem que a produtividade por hectare deverá sofrer uma queda no próximo ano. A área cultivada deve aumentar em 3%, mas a produção total só avançará 0,6%, alcançando 354,4 milhões de toneladas. Isso significa que a expectativa é de uma colheita média de 4.210 quilos de grãos por hectare em 2026, uma redução de 2,3% em relação a 2025.
Desempenho das Principais Lavouras
As principais lavouras do Brasil, que representam cerca de 40% do setor, como soja e milho, encerraram 2025 com um crescimento notável de 14,5% e 20% respectivamente. No entanto, as perspectivas para 2026 são menos otimistas. A expectativa é de que a soja cresça apenas 1%, enquanto o milho tende a puxar a produção nacional para baixo, apresentando uma queda de 6%, conforme análises do Itaú.
No que diz respeito ao cultivo da soja, a Conab informa que, em dezembro, 90,3% da área estava plantada no Brasil, com o Mato Grosso, maior produtor do país, já finalizando o plantio. “O início da plantação foi mais acelerado do que a média dos últimos cinco anos, mas o ritmo diminuiu na segunda metade do período”, explica Lucas Costa Beber, presidente da Aprosoja MT. Ele acrescenta que este foi um dos plantios mais longos da história, devido a chuvas irregulares.
Beber também menciona que as estimativas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam uma produção de 60 sacas por hectare na safra atual de soja, abaixo das 66 sacas na safra anterior. “Na Aprosoja, acreditamos que a quebra pode ser maior, já que o clima seco antecipou a incidência de pragas e o plantio prolongado pode ter exposto as lavouras a mais riscos”, alerta.
Já o analista agrícola Hausknecht observa que o desempenho excepcional do agronegócio em 2025 foi impulsionado por um ano anterior fraco. “A base de comparação era baixa, além do aumento de 2,3% na área plantada e a distribuição favorável das chuvas, que ajudaram no crescimento do setor”, conclui.
